Dicas de donos de grandes redes antes de começar um negócio

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grandes redes dão dicas antes de abrir uma franquia

Quer começar um negócio? Veja as dicas de donos de grandes redes

06/02/2018

Fundadores de grandes redes como Madero, Bio Ritmo, Wizard e Mundo Verde, Salão Werner e Ovos Mantiqueira e Dermage contam por quais erros passaram.

Não é de hoje que muitos funcionários pensam em abrir seu próprio negócio. O desejo ganhou força nos últimos anos, quando os índices de desemprego no Brasil foram altíssimos e, com o dinheiro das rescisões e o mercado enxuto, surgiram oportunidade para empreender. Se este é o seu sonho e acha que é só ter uma ideia brilhante, temos uma notícia ruim: a chance de falir é imensa.

A vida do empresário não é fácil, mas sempre dá para aprender com quem já errou. Para dar um empurrão em quem está com a ideia na cabeça, o GLOBO conversou com consultores que prestam assistência para empresários, assim como fundadores de grandes redes, que contam o que aprenderam até conseguir negócios perenes e sustentáveis.

Preço, local e padrão

Cada qual com sua história e conselho. Dois em especial, muitos dizem, são unânimes para o fracasso: não conhecer o mercado onde se vai atuar e não testar o produto. Os fundadores e donos das redes de hambúrguer Madero e de academias Bio Ritmo, Junior Durski e Edgard Corona, respectivamente, que o digam: bateram cabeça até achar o erro.

Durski trabalhava no ramo madeireiro e quis abrir um restaurante por hobby. Sua única experiência até então era como cliente. Prejuízo aqui, estresse ali, e lá se foram seis restaurantes que não vingavam. Até chegar à rede de 112 lojas.

— O erro era a precificação. Quando consegui reduzir os preços e ganhar no volume, aí que explodiu o negócio. Se eu tivesse testado antes, teria evitado estresse, perda de tempo e dinheiro — lembra. Por isso, a dica é que o futuro empresário conheça bem a área em que vai atuar.

— Se você quer ter um restaurante, trabalhe em um antes. Assim, conhecerá todos os processos e saberá das dificuldades antes, porque todo negócio tem.

Corona também sofreu um bocado até a rede desenrolar. Vindo da agroindústria, abriu a academia sem conhecer o ramo. Foram 10 anos em que, além de não ter lucro, se desfez de algumas propriedades para continuar.

— Nunca entre num negócio com o dinheiro contado. Qualquer coisa que der errado te deixará apertado.

No caso dele, o pulo do gato veio quando percebeu que o preço estava alto para o público em questão e o estacionamento era pequeno.

— Hoje, eu faria diferente e buscaria mais informações antes de abrir. Naquela época não existia tanto acesso. Você subia no avião e depois pilotava.

Outras duas histórias parecidas no início e no fim, com conselhos similares, são as dos fundadores do Grupo Sforza (que inclui Mundo Verde, Taco Bell, Pizza Hut e Aloha), Carlos Wizard Martins — também criador da rede de escolas Wizard — e da rede de salões de beleza Werner, Rudi Werner. Enquanto um deu aulas de inglês na sala de casa para pagar as contas, o outro cortava cabelos a R$ 5 nos tempos difíceis. Hoje, ambos apostam e sugerem o investimento em franquias. O divisor de água para Martins foi saber poupar para longo prazo.

— Para o indivíduo multiplicar o que tem, é preciso saber que parte do dinheiro que recebe pertence à formação de seu patrimônio futuro.

Já para Werner foi a padronização dos cortes e a criação de uma escola para treinar seus funcionários. Isso lhe permitiu crescer em escala de franquia.

— A marca só consegue crescer se oferecer o mesmo nível de qualidade em todas as filiais — diz ele.

Conhecendo a fundo

Os empresários Lisabeth Braun e Leandro Pinto tiveram um caminho diferente, pois conheciam melhor as áreas de atuação. Ela tinha uma farmácia de manipulação no Rio e já conhecia bem o produto e o mercado. E ele começou com uma pequena granja, o que lhe permitiu conhecer detalhadamente cada área. Para Lisabeth, a maior barreira é a parte administrativa.

— A burocracia é difícil para o empresário no Brasil, tem que ter uma boa equipe para lhe dar assistência. Minha dica é aprofundar o conhecimento em negócios e ter um visão mais global sobre o funcionamento de uma empresa. E persistência é uma qualidade fundamental — diz ela, que divide o comando da empresa com a filha Ilana, com quem Lisabeth também aprendeu.

— Acho que os erros fazem parte do aprendizado e da trajetória que me trouxe até aqui. Não existe receita para o sucesso de um negócio. Se não houver dedicação e empenho, é impossível ir adiante — completa o presidente do Grupo Mantiqueira.

Primeiro, no papel. Depois é que vem o investimento

Se existe uma regra de ouro nos negócios é a paciência. A de diamante é a perseverança. Porém, na ansiedade de ver o negócio já funcionando, muitos acabam pulando a fundamental etapa do planejamento. Além das dicas dos empresários, o Sebrae e a Endeavor, que orientam empresários em seus negócios, listaram algumas recomendações.

— As pessoas, às vezes por necessidade, acabam empreendendo direto sem estruturar o negócio, mas é preciso pensar antes e não durante. O risco existe sempre, mas pode-se minimizá-lo — destaca a analista do Sebrae, Marta Aresta.

Ela lista quatro passos essenciais antes de abrir a porta aos clientes:

— Primeiro, o futuro empresário precisa conhecer a atividade em que vai atuar e pesquisar sobre este mercado. Depois, vem a parte mais difícil, que é tangibilizar e organizar como seria o modelo de negócio. Há vários, como o Canvas, que ajudam a estruturar a ideia no papel. Em seguida, há o teste do produto ou serviço. Esta é uma etapa que muitos pulam, mas não há negócio sem cliente. Por último, vem a infraestrutura, risco e finalização.

Lucas Yuki Nakauchi, coordenador da Endeavor no Rio de Janeiro, acrescenta à lista o aprendizado com o erros de outros empresários e a importância de estar preparado para errar.

— Prepare-se para falhar e continuar insistindo. O erro faz parte. Mas é importante se preparar. Muitos têm boas ideias, mas não basta. Tem que estudar sobre o assunto. Na própria internet é possível achar conteúdos e cursos de qualidade, inclusive na Endeavor.

Assim como para Marta, ele também diz que a fase de testes é a mais importante e negligenciada. Ele ressalta, ainda, que a ajuda de um profissional mais experiente, uma espécie de mentor, pode ajudar.

Calcule sua própria despesa

Para acalmar a ansiedade, Marta lembra que qualquer negócio leva um tempo para começar a dar lucro. Em média, são dois anos.

— Alguns novos empresários esquecem que é preciso um tempo para respirar financeiramente. A pessoa conta só com o investimento inicial, mas tem que calcular que haverá nos meses seguintes outras despesas, como manutenção e pessoal.

Outra dúvida muito comum, segundo ela, é a precificação.

— Na dúvida, muitos copiam de seus concorrentes, mas não deve ser assim. O empresário tem que ver os custos e a realidade do investimento dele.

Por último, a analista destaca que a inovação deve ser constante, e não é necessariamente em alto custo. Pode ser na essência do negócio, num produto, ou, ainda, numa embalagem.

 

O Globo – Raphaela Ribas – 29/01/18

 

 

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